quinta-feira, 9 de abril de 2009

"O perfume" de Patrick Suskind



O livro de Suskind encontra originalidade no tratamento dado ao seu herói, cuja história é biográfica. Paris, início do século XVIII, um ser humano de olfacto apuradíssimo e tendências desviantes de psicopata, percorre as ruas da cidade perseguindo odores distantes. O nariz é pois o guia dos futuros crimes de Jean Baptiste Grenouille. Vislumbra a quilómetros de distância fragrâncias sensuais de mulheres que respiram flores por entre os odores não raras vezes repugnantes da cidade por onde vagueia. Mais tarde, os aromas libidinosos das mulheres que segue e marca como objectivo da sua busca são tomados para si, através de técnicas de curtir matérias para retirar essências odoríferas. Tais técnicas, que o protagonista domina, aprendeu-as com Baldini, o mago parisiense dos perfumes, para quem trabalhou.
Os seus crimes estendem-se depois a espaços diversos. Percorre cidades, vilas e locais em busca do perfume perfeito: o da inocência ou do amor. Todo o livro respira sentido olfactivo e suspense misturado com ansiedade. O sensacionismo é latente ao longo da viagem do herói que, tão depressa é cão que fareja o seu objectivo, como se transforma em voyeur das suas presas e depois predador. A crueldade é uma constante e rasga a inocência por entre laivos de uma sensualidade mórbida. Abandonado à sua sorte à nascença, a personagem principal procura o seu destino, a sua obra-prima, servindo-se da arma mais poderosa que lhe foi concedida: o olfacto. Será isto crime? Sim, porque o amor e a inocência conquistam-se, não se tomam para guardar dentro de um frasco.

4 comentários:

Arte de Bem Receber disse...

Li este livro à 2 anos atrás e ficou-me na memória pela sua incrível narrativa, o autor consegue-nos transportar para a época, os cheiros são tão bem relatados que conseguimos sentir os cheiros.

Anónimo disse...

Já tinha ouvido falar tanto deste livro que decidi ler por curiosidade. Está muito bem escrito, sem dúvida, mas foi um livro que me chocou um bocado. Se há livros "difíceis de apreender", este sem dúvida foi um desses para mim. (suponho que depende de cada leitor)

Paula disse...

Tenho este livro em mira :)

doce e bela disse...

Já não me lembro à quanto tempo li este livro mas ADOREI simplesmete! É de facto verdade, se nos deixarmos ir na leitura sentimos cada aroma descrito! Fantastico...o filme não permite a mesma envolvencia mas foi bom recordar!

Estou a atênta ao seu blog ;)